Ex-mulher denuncia deputado Coronel Feitosa por violência patrimonial e acusa parlamentar de invadir casa em posse dela

Procurado, parlamentar disse que a propriedade é compartilhada e que ‘ninguém pode ser acusado de invadir o que é seu’.

A ex-mulher do deputado estadual Coronel Alberto Feitosa (PL), Adriana Bacelar, fez uma denúncia contra o parlamentar por violência patrimonial, solicitando também uma medida protetiva, com base na Lei Maria da Penha. Em entrevista à TV Globo, Adriana disse que o ex-marido invadiu uma casa da qual ela tem posse na praia de Muro Alto, em Ipojuca, no Grande Recife, para tentar confiscar o imóvel dela.

Na quarta-feira (13), o juiz da 3ª Vara de Família determinou que o deputado desocupe a residência no prazo de 24 horas. Até a última atualização desta reportagem, o parlamentar informou que não foi notificado da decisão.

Ele também gravou entrevista e disse que a propriedade é compartilhada e que “ninguém pode ser acusado de invadir o que é seu” (veja resposta abaixo).

Segundo a dona de casa, a residência foi invadida no dia 22 de novembro, enquanto ela acompanhava o pai, que estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Brasília. De acordo com Adriana, o deputado continua ocupando o imóvel até hoje.

“Ele acha que tem direito a usar. Ele pediu ao juiz, em 2021, a posse exclusiva ou partilhada da casa. E o juiz nega. O juiz não proíbe ele de entrar, desde que acompanhado por mim ou das filhas. […] E como ele agora está dentro da casa, utiliza a arma, está com três seguranças ostensivamente sendo trocados por escala, fazendo uma segurança ostensiva, como é que a pessoa entra na sua casa?”, contou Adriana Bacelar.
Segundo ela, depois de ocupar a residência, o deputado tirou todos os pertences pessoais da ex-mulher e mandou um carro entregar no apartamento onde Adriana mora hoje, no Recife.

“Ele teve essa ousadia. Não só invadiu a casa, como também entra e retira tudo que é meu. Aí você não vai se sentir com medo? Não vai se sentir ultrajada?”, declarou a mulher.

Segundo Adriana, para invadir a casa, o deputado entrou no condomínio, com a ajuda de um vizinho, utilizando um nome falso

“Esse vizinho ligou para a portaria e autorizou dois nomes, dizendo que eram corretores. Se não me falha a memória, eram Valdemir e Aurélio os nomes que foram dados e dizendo que iam para a casa 12, a casa dessa pessoa. O porteiro autorizou a entrada, conferiu a documentação de Valdemir e perguntou o nome do carona, que, no caso, era ‘Aurélio’, mas não era. […] À noite, o porteiro percebe que a casa 16 (usada por Adriana) estava acesa, e não a 12”, contou a ex-mulher do parlamentar.

Denúncia, medida protetiva e armas
Depois do episódio, Adriana denunciou o caso à Delegacia da Mulher. No dia 30 de novembro, a polícia pediu à Justiça a abertura de uma medida protetiva em favor dela, solicitando a suspensão do porte de arma do deputado.

Em 1º de dezembro, a juíza Michelle Duque de Miranda, da 2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Recife, atendeu ao pedido e determinou que o coronel mantenha uma distância mínima de 300 metros da ex-esposa, de familiares e de testemunhas, sem se comunicar com ela.

Além disso, foi determinado que o parlamentar apresentasse, no prazo de dez dias, uma lista das armas que ele possui. No domingo (10), na véspera do fim desse prazo, a defesa do coronel disse que a casa de Muro Alto é propriedade dele e, por isso, a ocupação dela não seria uma invasão. A relação dos armamentos não foi apresentada.

“Eu sei que ele anda armado. Ele tem uma [pistola] 9 milímetros que vive com ele, ou na cintura ou no carro. Então, diante de ele estar tão assim, – não sei se é ‘descontrolado’ a palavra -, fora de si, ele pode fazer qualquer coisa. […] O que era mais fácil pra ele, me tirar do circuito, resolver todos os problemas dele, não acha? Eu realmente tenho medo dele armado”, disse Adriana.

Processo de partilha
Adriana contou que foi casada com o deputado entre 1999 e 2015. A casa de Muro Alto, que, segundo ela, ficou pronta depois da separação, é um dos nove bens que estão em nome do casal e que fazem parte de um processo de partilha em disputa na Justiça.

“Ele tem posse de sete imóveis. Ele tem quatro apartamentos, alugados ou não, mas essa renda vai para ele, não para mim. Eu fiquei com a casa e tinha um apartamento anterior, onde eu morava e que comprei com um dinheiro de herança da minha família. […] Ele nunca dormiu na casa, nunca. Então, hoje ele tem total posse de todos os bens que a gente tem. Estou sem nenhum, porque o apartamento já era meu”, afirmou Adriana.

A dona de casa disse ainda que vendeu o apartamento, localizado no bairro da Jaqueira, na Zona Norte do Recife, depois que a empresa que ela administrava, fechou. Na defesa apresentada por Feitosa à medida protetiva, o deputado alegou que possuía direito a 50% do valor obtido com a venda do imóvel.

“O bem está em discussão. O juiz ainda não julgou. Eu alego que o bem é meu. Ele alega que tem direito a 50%. A gente notificou o juiz dizendo que foi feita a venda, mas […] a gente pediu que o juiz compense no final [da partilha]. Ele não vai ser lesado. Porque, no final, existe patrimônio suficiente para fazer essa divisão de forma equilibrada”, informou a ex-mulher.

Deputado nega uso de nome falso e diz ser a vítima

Procurado, o deputado Coronel Alberto Feitosa também concedeu entrevista à TV Globo. Questionado sobre o motivo de ter ocupado a casa de praia sem autorização, ele disse que o imóvel é propriedade compartilhada pelos dois “e ninguém pode ser acusado de invadir o que é seu” (veja vídeo acima).

“Moro num apartamento que é alugado, totalmente mobiliado. E o proprietário do apartamento me solicitou o imóvel. O único imóvel que eu tenho com toda a mobília é a casa da praia. A casa da praia estava disponível, não estava sendo ocupada. Estava servindo para aluguel de temporadas. Então, eu resolvi utilizar a casa da praia como minha moradia. Fiz isso comunicando legalmente ao juiz responsável pela questão da partilha de bens”, afirmou o parlamentar.

Diante disso, Feitosa disse que comunicou por escrito ao condomínio que a casa passaria a ser residência oficial dele. “Não comuniquei a Adriana porque não vi necessidade de comunicar a Adriana, da mesma forma que Adriana, quando decidiu vender o que não podia, que é o apartamento da Jaqueira, também não comunicou”, disse o deputado.

Na decisão judicial de quarta-feira (14), que determinou a desocupação da casa de veraneio, o juiz também ordenou que os extratos bancários de Adriana fossem consultados, para saber o valor exato do apartamento do bairro da Jaqueira. Também intimou a dona de casa a depositar 50% do montante obtido com a venda do imóvel.

O parlamentar declarou ainda que é a vítima de violência patrimonial por parte da ex-mulher.

“Como a pessoa pode dizer que é vítima de violência patrimonial quando ela pega um bem que está em litígio, vende, mesmo tendo ordem da Justiça pra não vender? Se apropria totalmente do dinheiro e não cumpre a ordem judicial de partilhar o dinheiro, ou depositar 50% desse dinheiro na justiça. E essa decisão, essa orientação do juiz, não foi nem uma, nem duas vezes. Foram três vezes”, afirmou Feitosa.

PF prende sete envolvidos em turismo sexual

A PF (Polícia Federal) começou nesta segunda-feira, em Fortaleza (CE) e Recife (PE), a desarticular uma quadrilha internacional que oferece pacotes turísticos da Europa para o Nordeste, com o objetivo de promover encontros sexuais com mulheres brasileiras. Até agora, sete pessoas já foram presas na ‘Operação Mucuripe’ — referência à praia onde eram realizados os encontros em Fortaleza.

Segundo a PF, já foi preso na capital cearense o alemão Oliver Frank Günther, o gerente regional da agência que oferecia os pacotes de turismo sexual através da Internet pelo site www.brasil-club.de, apontado como o chefe da quadrilha no Brasil. Na casa de Günther os policiais federais encontraram diversas fotos de crianças produzidas por ele, o que comprovaria também os crimes de pedofilia e corrupção de menores. A polícia alemã está auxiliando a PF para capturar os criminosos que estão na Europa.

As brasileiras Fabiane Santos Mendonça e Francisca Cristiane Lima de Oliveira também foram presas. Elas seriam responsáveis por intermediar o contato com as prostitutas. Além das prisões temporárias, quatro italianos foram presos em flagrante aliciando mulheres em Fortaleza.

De acordo com as investigações, o pacote oferecido na Europa custaria entre dois e três mil euros. Pela inclusão da prostituta o cliente pagaria 750 euros. Mais de 500 mulheres estariam envolvidas no esquema, algumas menores de idade. A princípio, elas serão ouvidas como testemunhas. Os clientes seriam de diversas nacionalidades, como alemães, suecos e austríacos.

O grupo é acusado de tráfico de seres humanos, formação de quadrilha e facilitação à prostituição.

 

PF prende 14 por exploração de jogo do bicho eletrônico

RIO e RECIFE – A Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que explorava o jogo do bicho eletrônico em seis estados. A quadrilha teria sonegado entre R$ 135 milhões e 140 milhões num período de cinco anos, apenas com máquinas caça-níqueis. Cerca de 200 policiais federais cumprem mandados de prisão e de busca e apreensão na Grande Recife, no Rio de Janeiro, na Bahia e em São Paulo. Catorze pessoas foram presas desde que a operação foi deflagrada. A quadrilha é especializada em lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e contrabando.

Entre os presos pela chamada Operação Zebra, está o empresário Carlos Alberto Ferreira da Silva, 48 anos, dono da rede de loterias eletrônicas Monte Carlo´s. Outra casa lotérica acusada de envolvimento no esquema é a Sonho Real. Na manhã desta quinta-feira, agentes prenderam o advogado Reniê Coelho, que estaria ligado a Carlos Alberto no esquema do jogo do bicho.

Policiais civis e militares de Pernambuco tinham forte participação no esquema. Segundo a PF, cabia a eles fazer a segurança das casas de jogos ilegais e da movimentação do dinheiro da organização.

– Desmontamos a maior rede de jogo do bicho eletrônico fora do eixo Rio-São Paulo – afirmou o superintendente da PF em Pernambuco, delegado Jorge Pontes.

Durante a operação, foram apreendidos um jato, um helicóptero, dois iates e 20 carros de luxo, entre eles um Porshe e dois BMW. A Justiça Federal determinou o bloqueio de dez imóveis do grupo em Pernambuco e em São Paulo. Os bens retidos pela polícia estão avaliados em R$ 50 milhões.

Segundo a PF, a quadrilha possui uma fábrica de máquinas caça-níqueis em São Paulo, que aluga os equipamentos para casas de bingo. A organização também é acusada de distribuir os equipamentos no mercado clandestino do jogo em São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

As investigações a respeito de Carlos Ferreira começaram em abril deste ano, quando ele foi detido no Aeroporto Internacional do Recife, vindo de São Paulo, com R$ 750 mil em caixas de papelão, mas o dinheiro não tinha origem comprovada. Uma perícia feita pela polícia em computadores do empresário mostrou indícios de que ele participava de uma organização criminosa acusada de contrabando, sonegação de impostos, corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro. Os integrantes da quadrilha podem ser condenados a penas que variam de 6 meses a 12 anos de prisão.

Além do empresário, também foram presas outras dez pessoas: a ex-mulher de Carlos Ferreira, Terezinha de Jesus Bandeira de Melo; a tesoureira da empresa Verônica da Silva Branco; os advogados João Bosco Viera de Melo e Carlos Antônio Bussadi; o gerente da Monte Carlo, Luiz Tiernes Tenório de Andrade; a irmã do empresário e funcionária da empresa Vera Lúcia da Silva Santos; Otávio Bandeira de Melo; a ex-cunhada Celina Lúcia Bandeira de Melo; Isael Severino dos Santos e Paulo Sérgio Wanderley Barbosa da Silva, marido de Verônica.

A PF suspeita que Paulo Sério e Isael Severino participavam do esquema como “laranjas”. A investigação também abrange possíveis negócios da quadrilha na Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo.

PF prende 16 suspeitos de cartel em Recife e João Pessoa

A Polícia Federal prendeu ontem 16 pessoas suspeitas de formar cartel em postos de gasolina em João Pessoa (PB). O grupo, segundo a PF, coagia donos de postos a cobrar R$ 2,74 pelo litro da gasolina. Dos 95 postos da capital paraibana, 92 cobravam o valor determinado. O preço normal do litro no Estado seria de R$ 2,50 a R$ 2,55.
Estima-se que, por causa do cartel, o custo de vida da população da cidade, com ou sem carro, tenha aumentado em ao menos 5% nos últimos dois anos. A PF não calculou quanto o cartel lucrou com o preço manipulado.
A Operação 274 -referência ao preço da gasolina- cumpriu 16 mandados de prisão e 31 de busca e apreensão em João Pessoa e Recife.
Entre os presos está Marcelo Tavares de Melo, um dos sócios da Ello-Puma Distribuidora de Combustíveis, com sede em Recife (PE) e atuação em 11 Estados.
Os presos devem responder por crime contra a ordem econômica -discriminar preços e fazer acordos para estabelecer monopólio ou eliminar a concorrência. Alguns devem responder por formação de quadrilha e falsidade ideológica, com até cinco anos de prisão. Após prestar depoimento, quatro suspeitos foram liberados.
Segundo a PF, a coação se intensificou a partir de julho de 2006, quando a Ello tomou controle de 32 postos em João Pessoa. A Ello, em parceria com a Aspetro (Associação dos Proprietários de Postos de Combustíveis da Paraíba), passou a determinar preço único. Seus postos teriam oferecido gasolina a preço de custo para “esvaziar postos de empresários que cobravam menos”.
Em nota, a Ello, dos grupos Tavares de Melo, JB, Portus e Puma, considerou a ação da PF “arbitrária, violenta e injustificável” e negou envolvimento dos sócios. A assessoria jurídica da Aspetro entrou na Justiça com pedidos de habeas corpus. Seu assessor jurídico, Zenildo Mendonça Filho, disse que os valores eram “parecidos” porque “as despesas das revendedoras são semelhantes”.

PF prende uma pessoa em operação contra racismo, ameaça, incitação e terrorismo praticados na internet

Alvo de prisão é de Curitiba; ele já foi preso e até condenado pelos mesmos crimes.

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (10), operação contra crimes praticados na internet. Uma pessoa foi presa, em Curitiba. Outros oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em outras cidades fora do Paraná.

Entre os crimes investigados pela Operação Bravata, estão racismo, ameaça e incitação. A prática de terrorismo – como ameças de soltar bombas em universidades públicas – também é investigada. Bravata significa intimidação.

Os mandados judiciais foram expedidos por Marcos Josegrei, da 14ª Vara Federal de Curitiba. Eles foram cumpridos na capital paranaense, no Rio de Janeiro (RJ), em São Paulo (SP), no Recife (PE), em Santa Maria (RS) e em Vila Velha (ES).

O alvo de prisão foi levado à Superintendência da PF, na capital paranaense, onde ficará à disposição da Justiça. A prisão de Marcelo Mello é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.

Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos computadores, celulares e anotações.

O programa Profissão Repórter tentou conversar com Marcelo Mello, em 2015 — Foto: Reprodução/TV Globo

O programa Profissão Repórter tentou conversar com Marcelo Mello, em 2015

O que diz a defesa

O advogado de Marcelo Mello, Rui Barbosa, disse que o cliente jamais se envolveu nas situações apontadas e que a denúncia não procede, porque o site mencionado pelo Ministério Público continuou fazendo postagens enquanto seu cliente estava preso.

Ele ressaltou que Mello trabalha, de manhã e à tarde, estuda à noite, e vai provar sua inocência em juízo.

A investigação

De acordo com a PF, a investigação começou com fatos verificados na Operação Intolerância, deflagrada em 2012.

À época, Marcelo Mello e outro homem foram presos suspeitos de alimentar um site com mensagens que incitavam a violência contra negros, homossexuais, mulheres, nordestinos e judeus e de incentivar o abuso sexual de menores.

A partir disso, foi apurado, segundo a PF, que outras pessoas continuaram a praticar crimes por meio dos mesmos sites e fóruns na internet, chegando a criar novos ambientes virtuais para a prática destes delitos.

“Por ocorrem em ambientes virtuais, [as publicações] atingem um indefinido número de pessoas, tornado imensurável a extensão dos danos. Ofendem a dignidade humana, igualmente reconhecida como direito inalienável e protegida por garantias constitucionais”, explicou Josegrei.

Esses novos suspeitos podem estar associados aos presos em 2012, conforme a PF.

Soltura

Marcelo Mello e o outro preso foram julgados e condenados a uma pena de quase sete anos de reclusão, no fim de 2013. Em maio de 2015, porém, eles foram colocados em liberdade por um indulto judicial.

Prisão preventiva

Ao justificar a prisão preventiva de Marcelo Mello na Operação Bravata, o juiz pontuou a “garantia de ordem pública”. O suspeito tem 32 anos e foi preso em casa, onde morava sozinho.

“Destacou tratar-se de investigado violento que, mesmo após sua condenação e prisão no âmbito da Operação Intolerância pela prática de crimes similares aos investigados no inquérito policial, voltou imediatamente a cometer inúmeros crimes via internet, mediante postagens destinadas a disseminar o ódio, o racismo, a discriminação”, afirmou o juiz na decisão.

A PF explicou, ainda, que foi expedido um mandado de prisão apenas contra Marcelo porque foi comprovada a veiculação dele aos fatos.

Agressão a repórter

O programa Profissão Repórter foi atrás de Marcelo Mello, por causa de ataques cometidos contra feministas.

Marcelo Mello era um dos principais agressores de Dolores Aronovich, conhecida como Lola. Ela é uma das feministas mais atuantes do Brasil.

O repórter do programa perguntou se ele não tinha medo de ser preso novamente, e Marcelo Mello respondeu: “Se eu for, vou sair logo logo. Em um ano, tô na rua de volta”. Ele agrediu a equipe de reportagem. 

No despacho em que autorizou a Operação Bravata, o juiz ressaltou o fato de o suspeito acreditar que não será reprimido.

Os crimes

Os investigados na Operação Bravata podem responder, ainda de acordo com a PF, pelos crimes de associação criminosa, ameaça, racismo e incitação ao crime.

A PF ressaltou que os sites e fóruns mantidos na internet estimulavam a prática de estupro e assassinato de mulheres e negros, entre outros crimes.

Segundo a PF, há também evidência de terrorismo, pois os investigados foram responsáveis por ameaças de bomba encaminhadas a várias universidades do país.

A soma das penas dos crimes investigados podem chegar aos 39 anos de prisão, conforme a PF.

Lei Lola

Lei Lola permite que a PF investigue crimes virtuais contra as mulheres. Ela foi sancionada pelo presidente Michel Temer (MDB) e publicada no “Diário Oficial da União” em abril deste ano.

Lola Aronovich, que inclusive é vítima de Marcelo Mello, inspirou a lei. Para ela, a mudança é “um primeiro passo” contra ataques misóginos no país.

 

 
Mais de R$ 113 milhões em contratos são investigados por irregularidades no Cabo de Santo Agostinho

Além de fraudes no fornecimento de merenda, Operação Ratatouille investiga doação a cantor gospel e compra de materiais escolares incompatíveis com idade dos alunos.

A Polícia Civil informou, nesta quinta (22), que mais de R$ 113 milhões em contratos entre a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, e oito empresas privadas são investigados na Operação Ratatouille. Fraudes no fornecimento de merendas para escolas do município, superfaturamento de contratos e enriquecimento ilícito são algumas das irregularidades apuradas.

Segundo a polícia, os alimentos que eram entregues nas escolas vinham em menor quantidade do que o estabelecido no contrato e com qualidade inferior ou até apodrecidos. Os crimes investigados ocorreram na gestão do prefeito José Ivaldo Gomes, conhecido como Vado da Farmácia (ex-PSB), entre 2013 e 2016.

A operação é realizada em conjunto pela polícia, pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) e pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), de onde partiram as primeiras denúncias. Na quarta (21), foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão, além de três mandados de sequestro de bens móveis no Grande Recife e na Zona da Mata Sul do estado.

Mais de 25 pessoas são investigadas pelo possível envolvimento com o desvio de dinheiro na prefeitura. Entre os alvos da operação deflagrada, estão dois filhos de Vado, uma ex-esposa, secretários durante sua gestão e empresários.

A investigação começou a ser conduzida seis meses antes dos mandados de busca e apreensão. O caso foi iniciado por causa de denúncias da população ao MPPE sobre serviços que deveriam ser prestados no município e não foram assim como por causa dos bens ostentados por parentes de Vado da Farmácia nas redes sociais. Segundo os órgãos fiscalizadores, esses bens seriam incompatíveis com a renda e a declaração de bens do ex-prefeito.

De acordo com a delegada Patrícia Domingos, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp), Vado declarou não ter nenhum imóvel quando entrou na prefeitura. Porém, após a gestão, foi verificado um patrimônio 150% maior que o compatível à renda dele.

“Ao que tudo indica, tudo estava registrado no nome de ‘laranjas’. Constatamos a existência de bens como dois jetskis, dois quadriciclos, uma lancha, um carro de luxo da marca Porsche, duas casas de veraneio e uma motocicleta de luxo. Alguns deles, pagos à vista. Por exemplo, a babá do filho dele teria dado de presente ao garoto uma motocicleta de R$ 70 mil”, explicou a delegada.

Nas casas dos investigados, a polícia também apreendeu mais de R$ 1,3 milhão em espécie. As contas bancárias dos alvos foram bloqueadas pela Justiça até o fim da investigação.

Do valor apreendido pela polícia, 1,2 milhão estava na casa do ex-secretário executivo de logística do Cabo, Paulino Valério da Silva Neto, que mantinha as cédulas em caixas de sapato, em dólares, euros, pesos e libras. Ele ocupa, atualmente, o cargo de secretário de Planejamento e Gestão na Prefeitura de Ipojuca, também no Grande Recife, e não foi localizado para falar sobre as denúncias.

De acordo com a promotora Alice Morais, do MPPE, não foi pedida a prisão de Vado ou dos outros envolvidos por não haver, por enquanto, indícios que justifiquem a prisão, como destruição de provas ou fuga.

“Recebemos as denúncias seja pelo Disque-Denúncia, seja pela ouvidoria, e apuramos os fatos junto ao TCE. Essa é uma fase inicial da investigação e pode resultar em outras, com consequências mais assertivas”, explicou a promotora.

O ex-prefeito Vado da Farmácia não foi localizado para falar sobre as denúncias contra ele.

Mais irregularidades
Uma das empresas que ainda mantém contrato licitatório com a prefeitura é a Casa de Farinha, responsável por fornecer alimentos a três secretarias do município. Os contratos investigados, firmados entre 2013 e 2016, somam R$ 29 milhões.

“Quando eram entregues, os alimentos estavam estragados, carnes misturadas com soja e de péssima qualidade, feijão com fungo, merenda com mau cheiro e há, inclusive, um relato de que as escolas recebiam um único peito de frango para preparar canja para 300 alunos. Para algumas dessas crianças, é a única refeição do dia”, explicou Patrícia Domingos.

Outra das empresas eram construtoras, que também são investigadas na Operação Tupinambá, que provocou o afastamento do prefeito e quatro servidores de São Lourenço da Mata, no Grande Recife. A estimativa é que tenham sido desviados ao menos R$ 223 mil. Uma gráfica, que fornecia kits escolares à cidade, também é investigada por superfaturamento.

“Outra coisa que nos chamou muito a atenção era a incompatibilidade dos materiais para a idade do público. Por exemplo, eram supostamente enviados apontadores para crianças do berçário e massa de modelar para idosos. Além disso, tudo entregue com incompletude”, disse Patrícia.

Cantor gospel
A polícia também verificou uma doação de R$ 200 mil para uma gravadora, que teria sido contratada para produzir um CD e um DVD do cantor evangélico André Valadão, sem que houvesse nenhum tipo de contrapartida para a prefeitura.

“Ao poder público, não é permitido doar dinheiro para projetos de pessoas particulares, desse jeito. Não houve sequer algum tipo de propaganda do município, um show, e isso configura o crime de desvio de rendas públicas, que tem pena de dois a 12 anos de prisão. Além disso, o material acabou sendo gravado por outra empresa. Ou seja, a prefeitura doou dinheiro irregularmente para gravação de um CD que sequer foi realizado”, explicou a delegada.

Em vídeo divulgado em 2015, durante a polêmica sobre a doação realizada pela prefeitura, o cantor publicou um vídeo em seu perfil no Facebook com a seguinte mensagem: “A verba que nós estamos recebendo da Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho não é um cachê para o André Valadão. Ela é colaborativa, para ajudar a estrutura, a montagem e construção de parte desse DVD, que nós escolhemos gravar no Cabo, em Pernambuco”.

Três líderes do tráfico internacional são presos no Grande Recife

Três líderes do tráfico internacional foram presos nessa quinta-feira (13) no Grande Recife, na Operação Guarany, da Polícia Federal, que teve como objetivo desarticular uma das maiores quadrilhas responsáveis pela compra, armazenamento, contabilidade e distribuição de pasta base de maconha vinda do Paraguai em Pernambuco.
Traficantes presos em Barreiros esconderam droga em pneus de caminhão
Participaram da ação 20 policiais federais, que cumpriram os mandados de prisão e de busca e apreensão nas casas de Gilberto Guaraná da Silva Ferreira, 36 anos, Maurício Florentino Mendes Filho, 55 anos, e Amaro André Soares de Siqueira, 21 anos, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, e Boa Viagem, Zona Sul do Recife, respectivamente.

De acordo com a PF, o primeiro já havia sido preso por tráfico de drogas, e era responsável por comprar o entorpecente no Paraguai. O segundo, por roubo, corrupção e porte de arma de fogo. Seu papel na quadrilha era fazer a contabilidade do tráfico e depósitos em bancos do dinheiro arrecadado. O terceiro não tinha antecedentes criminais e fazia a distribuição e cobrança do dinheiro da droga, que era vendida a traficantes em diversos pontos de venda no Estado.

O trio foi indiciado por tráfico, associação para o tráfico, tráfico internacional e por formação de quadrilha. Caso sejam condenados, poderão pegar penas que ultrapassam 30 anos de prisão.

A operação apreendeu sete aparelhos celulares, três carros (Fiat Uno, Chevrolet Onix e Mitsubishi Pajero), uma moto Honda, o valor de R$ 2.600, quatro cartões bancários e agendas com contatos e contabilidade do tráfico.

Os três foram encaminhados ao Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna, onde ficarão à disposição da Justiça Federal.

Segundo a investigação da Polícia Federal, a droga era estocada em um sítio em Sirinhaém, Zona da Mata do Estado, para ser repassada para outras localidades. Apesar de ter considerado a desarticulação da quadrilha, a polícia não descarta a futura prisão de traficantes de menor participação.

HISTÓRICO – A primeira fase da operação Guarany aconteceu em março deste ano, quando foram apreendidos aproximadamente 95 quilos de pasta base de cocaína, além de três veículos, 12 aparelhos celulares, uma agenda e a quantia de R$ 1.109 e U$ 150.

Naquele mês, foram presos Samuel Alves Martins, 36 anos, Rosinaldo Lourenço Pereira da Silva, 46, e George Henrique Alves e Silva, 40, quando estes tentavam levar a droga de Barreiros, na Zona da Mata, para o Recife, dentro de pneus de um caminhão.

 

PF prende acusados de cartel de combustível

Sete pessoas supostamente envolvidas num esquema de cartel de combustíveis que agiria na Paraíba foram presas, na manhã desta sexta-feira (4), no Recife, numa operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) denominada 274. Os detidos foram levados de helicóptero para João Pessoa. Um outro empresário acusado de participar do esquema foi preso na Bahia. Mais oito pessoas foram detidas em João Pessoa (PB).

Estão sendo cumpridos ao todo 16 mandados de prisão temporária, sendo oito em Pernambuco e mais oito no estado vizinho. Além disso, os policiais também cumprem 19 pedidos de busca e apreensão em João Pessoa e outros 12 na capital pernambucana. Computadores, malotes, documentos e US$ 19 mil são alguns dos itens já apreendidos. O material será periciado em João Pessoa, já o dinheiro encontrado no Recife, numa das casas dos envolvidos, vai ficar retido até que a origem seja comprovada.

Os empresários são suspeitos de integrar o grupo que comanda parte dos postos de combustíveis nos dois estados e são acusados de fixar preços nas bombas para o consumidor em João Pessoa. De acordo com o assessor de comunicação da PF, Giovani Santoro, os envolvidos estariam cometendo dois tipos de delito: contra a ordem financeira e formação de quadrilha.

Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pela juíza Michelini de Oliveira Dantas Jatobá, da 9ª Vara Criminal Estadual de João Pessoa. A investigação teve início em 2006 na Paraíba e o nome da operação, 274, se refere ao preço do litro da gasolina cobrado na capital paraibana.

Segundo o delegado Cláudio Costa, da PF da Paraíba, os comerciantes que não alinhassem os preços eram prejudicados. “Alguns postos menores tentavam praticar a lei de mercado, mas eram impedidos e ameaçados, porque os que estavam envolvidos no cartel baixavam mais ainda o valor”, afirmou. As prisões são temporárias e têm validade de cinco dias, podendo ser prorrogadas por mais cinco.

INDIGNAÇÃO – O advogado Marcos Freire Filho, que defende os acusados de praticar cartelização na venda de combustíveis na Paraíba, se mostrava indignado com a prisão temporária do empresário Marcelo Tavares de Melo e dos demais envolvidos no episódio, considerando-as “desnecessárias e arbitrárias”.

“Uma juíza do Estado da Paraíba – disse ele – portanto sem jurisdição sobre o Estado de Pernambuco, não poderia tomar tal medida contra um empresário sério, de vida limpa, de bons antecedentes, gerador de riqueza nos dois Estados , como é o caso de Marcelo Tavares de Melo, que não é sócio, a qualquer título, da empresa acusada de supostas irregularidades. Esse empresário, de forma arbitrária, teve sua residência e seu escritório violados, o que é um atentado ao estado de direito e à democracia. Se queriam alguma explicação sobre as acusações feitas, bastaria uma simples intimação e todos os envolvidos nesse lamentável episódio compareceriam de bom grado para dar as explicações necessárias. Como todos já foram ouvidos, espera-se, agora, que sejam adotadas providências para restauração da ordem jurídica e para o pelo estado de direito , violentado em ato brutal, com essa prisão arbitrária e desnecessária”.

ACUSADOS – Foram presos no Recife: Marcelo Tavares de Melo, sócio da distribuidora de combustíveis Ello-Puma; Eliezer Menezes dos Santos, ex-superintendente da Sudene e delegado de negócios do grupo Tavares de Melo; Delfim Jorge Pereira de Oliveira, empresário português e também delegado do grupo; Marcos Tavares Costa Carvalho, vice-presidente administrativo do grupo; Carlos Alberto Lacerda Beltrão, sócio-diretor da empresa Ello-Puma; Sérgio Ivan Tans, diretor administrativo-financeiro da Ello-Puma, e Bueno de Barros Wanderley, outro funcionário do grupo. O empresário Sérgio Massilson de Freitas Martins foi preso na Bahia.

As oita pessoas detidas na Paraíba são: Evandro Tadeu, Idervaldo da Costa e Silva, Bartolomeu de Medeiros Guedes Júnior e Marco Antônio Magalhães Dardeni, donos de postos; Sérgio Tadeu, presidente da Associação dos Donos de Postos de Combustível da Paraíba (Asspetro); Wagner Cavalcanti de Arruda, diretor da Asspetro; Nelson de Lira Filho, ex-proprietário da Rede Opção, cadeia de postos vendida à Rede Liberdade; e Anny Karolina Viana de Souza, representante legal da rede Liberdade junto à Asspetro. Anny Karolina, Idervaldo da Costa e Silva, Bartolomeu de Medeiros e Nelson de Lira Filho já foram soltos.

 

Justiça Mantém Prisão de Deolane Bezerra em Operação contra Lavagem de Dinheiro e Jogos Ilegais

A influenciadora digital Deolane Bezerra teve sua prisão preventiva mantida pela Justiça após uma audiência de custódia realizada na tarde de quinta-feira (5). Ela foi detida em uma operação que investiga uma quadrilha suspeita de envolvimento em lavagem de dinheiro e jogos ilegais. A audiência, conduzida por videoconferência, ocorreu na Central de Audiências de Custódia do Recife, com Deolane participando de dentro da Colônia Penal Feminina, onde está presa no bairro de Iputinga, Zona Oeste da cidade.

Solange Bezerra, mãe de Deolane, também teve sua prisão preventiva mantida na mesma audiência e permanece detida na Colônia Penal. Além delas, Maria Bernadette Pedrosa Campos, mãe de Eduardo Pedrosa Campos, sócio de uma corretora de seguros investigada pela operação, também teve a prisão mantida.

A defesa de Deolane entrou com um pedido de habeas corpus, alegando a ilegalidade da prisão preventiva. O desembargador Cláudio Jean Nogueira Virgínio, da 12ª Vara Criminal da Capital, redistribuiu o caso para o desembargador Eduardo Maranhão, da 4ª Câmara, que será responsável por analisar o pedido.

Deolane e Solange foram presas na quarta-feira (4) e passaram por exames de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML) antes de serem encaminhadas à penitenciária. Devido à repercussão do caso, medidas de segurança foram reforçadas para garantir a integridade física das duas. Elas passaram a primeira noite em uma cela reservada, com vigilância reforçada no local, incluindo a presença de policiais do Grupo de Operações de Segurança da Polícia Penal de Pernambuco.

Na manhã de quinta-feira, as irmãs de Deolane, Daniele e Dayanne Bezerra, tentaram visitar a mãe e a irmã, mas foram impedidas de entrar por estarem fora do horário de visita. No local, elas foram recebidas por apoiadores com cartazes, expressando solidariedade às detidas.

A prisão de Deolane faz parte da terceira fase da operação “Integration”, que investiga uma quadrilha acusada de movimentar cerca de R$ 3 bilhões em lavagem de dinheiro de jogos ilegais. A operação cumpriu 19 mandados de prisão, além de 24 mandados de busca e apreensão em seis estados brasileiros: Goiás, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pernambuco e São Paulo. A quadrilha usava empresas de eventos, casas de câmbio e seguradoras para realizar transações financeiras suspeitas, como depósitos fracionados e movimentações atípicas de dinheiro entre contas, além de adquirir veículos de luxo, imóveis, aeronaves e joias para lavar o dinheiro ilícito.

A operação também apreendeu diversos bens, incluindo 11 relógios Rolex, dois helicópteros, um avião (que pertence ao cantor Gusttavo Lima), carros de luxo, embarcações, imóveis, joias, além de grandes quantias em dinheiro e artigos de luxo, como garrafas de vinho avaliadas em R$ 5 mil cada.

Em nota, o escritório da advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, afirmou que Deolane está à disposição das autoridades e que a investigação é sigilosa. Deolane, por sua vez, divulgou uma carta em suas redes sociais na qual afirmou que está sofrendo uma “grande injustiça” e que sua família é vítima de preconceito.

A empresa Esportes da Sorte, investigada na operação, também emitiu uma nota reafirmando seu compromisso com a legalidade e sua disposição para colaborar com as investigações, ressaltando que ainda não teve acesso aos autos do inquérito. O advogado de Darwin Henrique da Silva Filho, dono da Esportes da Sorte, também declarou que seu cliente está à disposição das autoridades há mais de um ano e meio e que aguarda esclarecimentos sobre a operação.

Suspeito de matar delegada na Bahia confessa que usou cinto de segurança contra o pescoço dela e inventou versão de sequestro

Tancredo Neves teve a prisão em flagrante convertida em preventiva nesta segunda-feira (12). Corpo de Patrícia Neves Jackes Aires foi encontrado em área de mata na Região Metropolitana de Salvador, no domingo (11).

O suspeito de matar a delegada Patrícia Neves Jackes Aires admitiu que inventou para a polícia a versão que os dois teriam sido sequestrados. Tancredo Neves falou que “girou o cinto de segurança no pescoço dela” para se defender de supostas agressões durante uma discussão.

A declaração foi dada em depoimento nesta segunda-feira (12), na 37ª Delegacia Territorial da Bahia, em São Sebastião do Passe, na Região Metropolitana de Salvador. Após a audiência de custódia, ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.

A mulher foi encontrada morta no domingo (11), dentro do próprio carro, em uma área de mata em São Sebastião do Passé. Para a Polícia Civil, Tancredo Neves, de 26 anos, companheiro dela, é o principal suspeito do feminicídio.

A causa da morte ainda é investigada, no entanto, a suspeita é de que ela tenha sido vítima de estrangulamento, pois o investigado confessou que “girou o cinto de segurança no pescoço dela” e começou a enforcá-la, com o objetivo de fazer a mulher parar de bater nele.

Detalhes do depoimento

Na primeira versão, Tancredo relatou que por volta de meia-noite de domingo, os dois teriam saído da cidade onde a vítima morava, Santo Antônio de Jesus, no recôncavo, com destino a Salvador.

Após a praça de pedágio pedágio de Amélia Rodrigues, na BR-324, o casal teria sido abordado por três indivíduos em uma motocicleta. Tancredo chegou a dizer que os dois foram vítimas de um sequestro e obrigados a fazer transferência de dinheiro. Ele foi supostamente liberado às margens da rodovia e os criminosos seguiram no carro com Patrícia.

Em novo depoimento, ao qual o g1 teve acesso, Neves detalhou outra versão do ocorrido e disse estar contando a verdade após passar a noite pensativo e se arrepender do que fez.

O suspeito contou que os dois saíram para beber em Santo Antônio de Jesus, e Patrícia ficou alcoolizada, segundo ele. Na saída do estabelecimento, a delegada teria decidido viajar para Salvador a fim de comprar roupas. O homem relatou que durante a viagem eles pararam para urinar na BR-101, no trecho de Sapeaçu, no recôncavo. Ainda no trajeto, disse para a mulher que os dois precisavam repensar a relação.

Tancredo detalhou que a mulher “nunca saía armada e na noite do ocorrido não foi diferente”, contudo, já havia sido ameaçado com arma de fogo, e que ela perdia o controle emocional com frequência.

A reação de Patrícia, segundo Tancredo, foi de descontrole e ameaças de morte contra a família e a filha dele. Nesse momento, ela puxou o volante do carro, provocando a colisão contra uma árvore.

Depois, Patrícia começou a bater no companheiro, que usou enrolou o cinto de segurança no pescoço dela. Segundo ele, o objetivo não era matar a delegada, e sim fazer com que ela parasse as agressões.

O homem ainda disse que notou que Patrícia estava desacordada após menos de um minuto, saiu do carro e chamou a polícia. Conforme Neves, ele não sabia que a mulher estava morta.

Neves ainda disse que casaria com a chefe de polícia na próxima quarta-feira (14), apenas três dias após ela ter sido assassinada. O homem contou que conheceu Patrícia em novembro de 2023, em um restaurante de Santo Antônio de Jesus. A delegada atuava como plantonista na unidade policial da cidade. [Veja detalhes abaixo]

O relacionamento, segundo ele, teve início há cerca de quatro meses. O homem reconheceu que houve agressões verbais ao longo desse período, mas negou que tenha ocorrido qualquer episódio de violência física ou sexual.

Apesar disso, ele chegou a ser preso em flagrante maio deste ano por agressão contra Patrícia. Tancredo afirmou que ela caiu sozinha, argumentou ter provado inocência no caso e ressaltou que a vítima retirou a medida protetiva de urgência que pediu contra ele. O homem foi solto por decisão judicial e o casal se reconciliou.

Queixas de outras mulheres e exercício ilegal da Medicina

Antes de se relacionar com a delegada, Neves já colecionava denúncias e processos apresentados por outras mulheres com as quais se relacionou. Em todos os casos, ele nega as agressões.

Questionado sobre o que explicaria o fato de “tantas mulheres terem registrado fatos” contra ele, o homem alegou apenas que “xinga muito”.

O investigado também é alvo de um inquérito por exercício ilegal da Medicina. Neves reconheceu a existência do processo, contudo, nunca foi intimado, conforme ele. O homem se apresenta como médico, formado no Paraguai, mas disse que não exerce a profissão.

Os indiciamentos por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica aconteceram depois que a Polícia Civil de Euclides da Cunha concluiu as investigações em 2022. Os documentos foram remetidos ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).

Por meio de nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) informou que não há nenhum médico registrado com o nome de Tancredo Neves Lacerda Feliciano de Arruda.

Quem era Patrícia Jackes
Patrícia Neves Jackes Aires, de 39 anos, nasceu em Recife, capital pernambucana, e tinha um filho. Bacharel em Direito e especialista em Direito Penal e Processo Penal, a delegada tomou posse em 2016, sendo designada em seguida para a delegacia de Barra, no oeste da Bahia.

Depois, comandou as delegacias de Maragogipe e São Felipe, antes de ter sido lotada em Santo Antônio de Jesus, onde atuava como plantonista.

Patrícia Jackes tinha forte atuação na prevenção e enfrentamento às violências de gênero. Em 2021, ela passou pelo Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher (NEAM), da 4ª Coordenadoria de Polícia, no município de Santo Antônio de Jesus (BA).

Antes de se formar em Direito, Patrícia se graduou em Licenciatura Plena em Letras. Ela trabalhou por 12 anos como professora de língua portuguesa e língua inglesa.

Luto
Em nota, a Polícia Civil lamentou profundamente a morte da servidora e garantiu que está empenhada com todos os seus departamentos para esclarecer as circunstâncias do crime e realizar as providências cabíveis. O Sindicato dos Policiais Civis também se solidarizou com familiares e amigos da vítima.

A Delegada-Geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Campos de Brito, também lamentou o ocorrido através de uma publicação em uma rede social.

“Acordei com a triste notícia da partida da delegada Patrícia Neves Jackes Aires, que estava lotada no plantão da Delegacia Territorial de Santo Antônio de Jesus. Meus sentimentos aos familiares e colegas de profissão”, escreveu na legenda da postagem.

A Secretária das Mulheres do Estado disse que “a delegada Patrícia tinha uma carreira promissora, inclusive com forte atuação na prevenção e enfrentamento às violências de gênero”.

O corpo de Patrícia Jackes foi velado na manhã desta segunda-feira (12), na Câmara de Vereadores de Santo Antônio de Jesus. O sepultamento será na terça (13), em Recife.