Andraus nega aliciamento e explica contato: “Negociação de jogadores”

Marluz Dalledone, advogado do clube paranaense e do presidente Fred Nelson de Oliveira, autor da mensagem ao goleiro Neto Volpi, refuta as acusações: “Seria ilógico”

Whatsapp Joinville 2 (Foto: Reprodução)
Conversa mostra a proposta, mas clube afirma que conteúdo está incompleto (Foto: Reprodução)

O Andraus, clube da segunda divisão do futebol paranaense envolvido na denúncia do goleiro Neto Volpi de tentativa de aliciamento, deu sua versão pelo caso. Marluz Delladone, advogado da equipe e do presidente Fred Nelson de Oliveira, citado no boletim de ocorrência do atleta do Inter de Lages, negou as acusações. Segundo o representante, as imagens divulgadas são incompletas e o teor do contato foi para tratar de transação de jogadores.

Marluz afirmou que teve contato com Fred ainda na noite de sexta-feira, quando o caso foi divulgado – Neto Volpi registrou B.O. na quinta – e que o presidente do clube não explicou os detalhes, mas que a conversa teria relação com um interesse no goleiro. Questionado sobre as palavras usadas na mensagem, o advogado reforçou que as imagens são incompletas e garantiu que o mandatário do Andraus está à disposição para esclarecer o caso junto à Polícia Civil. Ele também negou qualquer envolvimento com apostas.

– Tomamos conhecimento através da imprensa, não fomos intimados, nem o clube e nem o Fred. Mas de qualquer forma negamos veemente qualquer tentativa de aliciar o jogador Neto. A conversa publicada na imprensa está descontextualizada e incompleta. O contato que o Fred manteve com o Neto foi relativo à tentativa de contratação do jogador – explicou o advogado por telefone. 

Fred é ex-jogador e inclusive passou pelo Inter de Lages em 2014 para um período de treinamentos, mas não acertou. Atualmente, o dirigente tem trânsito entre diversos clubes e negocia atletas – recentemente ofereceu nomes ao próprio Leão Baio.

Segundo o advogado, foi justamente com esse interesse que Fred procurou Neto Volpi. Marluz ainda refutou qualquer interesse em uma eventual derrota do Inter de Lages neste sábado, para o Joinville.

– Foi de negociação de jogadores na condição de dirigente. A conversa publicada está incompleta. Até porque seria ilógico qualquer manipulação de resultados de um dirigente de segunda divisão do Paraná. Não teria qualquer tipo de benefício. Isso comprova que são levianas – completou.

Boletim de ocorrência registrado pelo Inter de Lages (Foto: Reprodução)
Boletim de ocorrência registrado pelo Inter de Lages (Foto: Reprodução)

O representante do clube afirmou que Fred no momento não se pronunciará sobre o tema. O Andraus deve emitir uma nota oficial sobre o caso ainda neste sábado.

Entenda o caso

O goleiro do Inter de Lages, Neto Volpi, registrou um boletim de ocorrência na última quinta-feira após receber mensagens de Fred Nelson de Oliveira Marques, presidente do Andraus, clube da segunda divisão do Campeonato Paranaense. No depoimento à polícia, o atleta afirmou que foi aliciado para receber R$ 15 mil caso sofresse dois gols diante do Joinville neste sábado, pela sétima rodada do returno do Catarinense.

O processo está na fase inicial de apuração da Polícia Civil e pode ser enquadrado no artigo 41-D do Estatuto do Torcedor, que trata de “dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva”. A pena é de dois a seis anos de prisão, além de multa.

neto volpi inter de lages (Foto: Luiz Henrique / FFC)
Advogado do clube paranaense afirma que interesse era em transação com o atleta (Foto: Luiz Henrique / FFC)
Manifestantes protestam contra terceirização na Mercedes-Benz em Campinas; MPT marca audiência para mediar acordo

Trabalhadores da empresa foram até a sede do MPT-15 nesta terça. Em reunião com procuradores do trabalho, ficou definida audiência de mediação para a próxima sexta. Decisão de terceirizar dois setores afeta 500 trabalhadores.

Manifestantes realizaram um ato, na manhã desta terça-feira (4), para protestar contra a terceirização dos setores de distribuição de peças de reposição e remanufatura na unidade da Mercedes-Benz em Campinas (SP). A montadora alemã confirmou a decisão, que afeta 500 trabalhadores, na semana passada, e o prazo para a implantação da mudança é até o fim de 2024.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, pelo menos dois ônibus com trabalhadores da empresa foram até a sede do Ministério Público do Trabalho da 15ª Região (MPT-15), na metrópole, para o protesto.

Representantes da categoria se reuniram com procuradores do trabalho durante a manhã para discutir a tercerização e ficou definido que o MPT vai atuar como mediador.

O órgão marcou uma audiência de mediação para sexta-feira (7), às 10h, e vai tentar um acordo entre as partes. Integrantes de movimentos sociais, estudantes da Unicamp e professores da rede pública, também participaram da manifestação com faixas e cartazes.

A terceirização
Segundo a empresa, as mudanças terão início em dezembro de 2023 e têm como objetivo trazer “maior eficiência, competitividade e agilidade no atendimento” aos clientes. Serão afetados, portanto, os seguintes setores:

Central de distribuição de peças de reposição: atividades passarão a ser realizadas por empresa terceirizada em Itupeva (SP). A transição deste processo acontecerá de dezembro de 2023 a março de 2024.
Atividades de pós-vendas e outras funções administrativas: serão transferidas para São Bernardo do Campo (SP) no primeiro semestre de 2024.
Linha de remanufatura de peças: será terceirizada até o final de 2024.

Em nota, a empresa ressaltou que busca solução para “minimizar os impactos da decisão” em relação aos colaboradores e que pretende iniciar as negociações com o sindicato para a construção de “alternativas e condições satisfatórias que nos levem ao melhor resultado possível para todas as partes envolvidas”.

O que diz o sindicato?
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, Sidalino Orsi Júnior, uma assembleia foi realizada com os trabalhadores nesta segunda-feira (26) e há uma rodada de negociação com a empresa agendada para quarta (28).

“A terceirização é a precarização mais acentuada sobre os trabalhadores, porque deixa o setor patronal com uma situação mais favorável para ampliar seus lucros, pagando menos salários e dando menos direito. Esses companheiros de empresas terceirizadas infelizmente sofrem com o descaso das políticas de saúde e segurança das empresas”, afirma.

Segundo Orsi, os dois setores afetados pelas mudanças – de logística e venda de peças e remanufatura de câmbios, motores e periféricos – são essenciais para as atividades e lucro da empresa. Com a terceirização, a estimativa do sindicato é de que a montadora tenha uma economia de 70% com o pagamento de salários.

Atacante Felipe Garcia é condenado a pagar R$ 2 milhões ao ABC

Juiz julgou “improcedente o pedido de rescisão indireta do contrato de trabalho” e determinou pagamento de “cláusula indenizatória desportiva” por jogador ter assinado com Operário-PR em seguida

O atacante Felipe Garcia, hoje no Operário-PR, foi condenado pela Justiça do Trabalho a pagar R$ 2 milhões ao ABC. O valor é referente à “cláusula indenizatória desportiva”. Com contrato em vigência, o jogador abandonou os treinos no Alvinegro em julho e acionou a Justiça para conseguir a rescisão indireta do vínculo.

A decisão assinada pelo juiz Inácio André de Oliveira aponta que o ABC terá que pagar ao jogador o “saldo de salário de julho (12 dias), 13º salário proporcional de 2023 (6/12), férias proporcionais acrescidas de um terço (7/12)”.

De acordo com a decisão, o ABC “formulou pedido de reconvenção para condenação do reclamante (Felipe Garcia) ao pagamento ‘cláusula indenizatória desportiva’, em razão de sua iniciativa no rompimento do vínculo”.

“É devida a indenização de ‘cláusula indenizatória desportiva’ pelo atleta em favor da entidade de prática desportiva quando há transferência para outra entidade de prática desportiva durante a vigência do contrato de trabalho desportivo, ou no retorno do atleta às atividades profissionais em outra entidade de prática desportiva, no prazo de até 30 (trinta) meses”, detalha o documento, em seguida apontando que Felipe Garcia assinou com o Operário-PR em 29 de agosto.
No pedido de rescisão indireta, Felipe Garcia havia informado que “foi agredido fisicamente com pedras na sede do reclamado”, mas o juiz relatou que o Boletim de Ocorrência não constava isso – “um torcedor não identificado, que estava trajando camiseta regata de torcida organizada e com o rosto coberto, deu vários socos e chutes no veículo do comunicante”.

“Embora extremamente reprovável, o infortúnio foi pontual e não há indícios de que reclamante estivesse ou esteja sofrendo qualquer tipo de perseguição ou ameaça, além das cobranças que são esperadas no ambiente do futebol que, como se sabe, é movido por emoções oscilantes, ao sabor dos resultados do clube”, contou o juiz.

Assim, o juiz julgou “improcedente o pedido de rescisão indireta do contrato de trabalho, ao passo em que reconheço o pedido de demissão do reclamante em 12.07.2023”, condenando o ABC ao “pagamento do saldo de salário de julho (12 dias), 13º salário proporcional de 2023 (6/12), férias proporcionais acrescidas de um terço (7/12). O FGTS em aberto já foi devidamente recolhido pela reclamada”.

Indenização por danos morais
Felipe Garcia também havia pedido indenização por danos morais, relatando que “teve seu veículo apedrejado por membros da torcida organizada”. Na ação, ele defendia que “o clube é condescendente com a referida torcida organizada e postula indenização por danos morais alegando que o evento lhe causou extremo abalo moral”. O juiz julgou improcedente o pedido de indenização por danos morais.

Felipe Garcia defendeu o ABC em 37 jogos, marcou 12 gols e teve três expulsões.

Seu último jogo com a camisa alvinegra foi a derrota para o Criciúma, no último dia 8 de julho, pela 16ª rodada. Ele entrou no segundo tempo, naquela oportunidade. Após o confronto, integrantes de uma torcida organizada invadiram o estacionamento interno do clube e depredaram carros dos jogadores. A tensão vivida pelo atacante e sua esposa neste dia também pesou para a decisão de deixar o ABC, à época.