MP vai investigar suposta omissão da Enel na retomada da energia em SP; CPI da Alesp vai convocar presidente da empresa

Os promotores paulistas e deputados estaduais querem saber o motivo de tantos consumidores terem ficado dias sem energia, e se a Enel tem a quantidade suficiente de empregados para atender as demandas emergenciais nos 24 municípios onde a companhia italiana atua.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai abrir, ainda nessa semana, uma investigação contra a concessionária Enel por suposta omissão no restabelecimento de energia para os consumidores da Região Metropolitana de SP desde o temporal da última sexta-feira (3).

Passados quase três dias da chuva, pelo menos 500 mil imóveis na Grande SP ainda estão sem energia (veja mais abaixo). Há relatos de moradores da cidade de que faltam funcionários da empresa para desernegizar as redes atingidas por árvores e acelerar o trabalho da prefeitura de liberação das ruas.

No inquérito, os promotores paulistas querem saber o motivo de tantos consumidores terem ficado dias sem energia e se a Enel tem a quantidade suficientes de empregados para atender as demandas emergenciais nos 24 municípios onde a companhia italiana atua. O g1 procurou a Enel e aguarda posicionamento.

Na visão dos promotores, diante de um corte tão profundo de energia – que chegou afetar mais de 2,1 milhões de imóveis atendidos pela Enel – havia necessidade de contratação de equipes emergenciais para garantir a retomada rápida do serviço.

Segundo o que o g1 e a TV Globo apuraram, a nova investigação deve ser encaminhada ao promotor Silvio Marques, que atualmente já investiga a Enel no inquérito sobre o atraso da empresa nos planos de aterramento de fios na cidade de São Paulo.

CPI da Alesp
De acordo com dados da CPI da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) que investiga a Enel, em 2010, antes da privatização, a Eletropaulo tinha 7 mil empregados. O total de colaboradores foi caindo ano a ano no período da AES Eletropaulo – quando a empresa era controlada pelo BNDES e a empresa americana AES.

Em 2022, o total de empregados caiu para 4.400 funcionários e, em 2023, a concessionária chegou a 3.900 funcionários, segundo a CPI.

O deputado estadual Thiago Auricchio (PL), que é diretor-presidente da comissão da Enel na Alesp, disse ao g1 que já há um requerimento aprovado no colegiado para ouvir o presidente da Enel ainda esse mês na Casa.

“O que nós assistimos nos últimos dias é o mais puro retrato do descaso e do desrespeito da concessionária com a população. Há anos, o que vemos é queda de funcionários e um aumento de demanda de consumidores que mostra a insuficiência do efetivo atual da ENEL. São inúmeros problemas que a CPI tem apurado que evidência isso”, afirmou.

A princípio, a convocação do presidente da Enel está prevista pela Alesp para 22 de novembro. Mas a data pode sofrer mudanças, em razão, justamente, da crise vivida pela empresa no atendimento da população que ainda está sem energia elétrica.

“O temporal da última sexta mostra o quão importante essa CPI será para o Estado. Vamos trabalhar com ainda mais empenho para garantir não só a melhora do serviço como também a responsabilização da concessionária pelos prejuízos causados. Não aceitaremos mais tanto descaso”, declarou Thiago Auricchio.

A vereadora Luna Zarattini (PT) protocolou na manhã desta segunda-feira (6) na Alesp um requerimento para a abertura de mais uma CPI para investigar as “falhas, irregularidades e ilegalidades da Concessionária Enel”.

Três dias sem luz

A Enel afirmou na manhã desta segunda-feira (6) que 500 mil imóveis da Grande São Paulo seguem sem energia – três dias após o temporal que atingiu diversas cidades do estado.

Desse montante, de acordo com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), 413 mil estão na capital paulista. Por conta da falta de luz, 12 escolas municipais não abriram. (Veja a lista abaixo). 77 semáforos também seguem sem operar.

Ainda de acordo com a prefeitura,125 árvores caídas precisam ser desenergizadas para que que as equipes possam fazer o trabalho de remoção.

Em entrevista ao Bom Dia SP, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), responsabilizou a Enel pela demora na resolução do problema.

“Ainda temos 413 mil consumidores sem energia na cidade de SP. Estamos aqui com todo o esforço, ampliamos as equipes, estamos com a Defesa Civil, pessoal das subprefeituras para poder trazer a cidade de volta o quanto antes. Mas em muitas situações, a gente depende que a Enel faça o seu trabalho de desligamento para poder remover as árvores e reestabelecer a energia. Situação bastante difícil”.

Ele defendeu que a gestão municipal realiza podas constantes, mas que a cidade foi atingida por rajadas de vento suspostamente inesperadas.

De acordo com Nunes, este ano, 10 mil árvores foram removidas por risco de queda. “É um número bastante considerável”, acredita.

Das sete pessoas que morreram em decorrência das fortes chuvas, ao menos quatro foram atingidas pela queda de árvores.

Especialistas ouvidos pelo g1 apontam uma série de problemas de responsabilidade da gestão municipal: falta de manutenção, planejamento, além de árvores plantadas de forma irregular e podas malfeitas.

Ricardo Nunes afirmou que as chuvas de sexta atingiram até “árvores saudáveis” e disse que pedirá à Enel, em reunião agendada na tarde desta segunda, no Palácio dos Bandeirantes, um plano de contingência para evitar desastres por conta de mudanças climáticas. “A prefeitura está se preparando, eu preciso que a Enel também se prepare”, defendeu.

Enterramento de fios
Em 2018, a gestão municipal anunciou um programa que previa enterrar mais de 75 km de fios em toda a capital até o final de 2024. A implementação, entretanto, pouco avançou nos últimos anos.

Nunes disse que a prefeitura não pode cobrar tal medida da Enel e demais empresas de telecomunicações.

“As concessionarias entraram com uma ação judicial e já foi definido no STF que a prefeitura não pode exigir das concessionarias nenhum tipo de ação em relação ao tema. Elas respondem ao governo federal e à Agencia Nacional de Energia Elétrica.”

Ele afirmou que já realizou duas reuniões o presidente da Aneel, com a Enel, e com o presidenta da Agencia Nacional de Telecomunicação, para encontrar formas de acelerar os processos de enterramentos – mas nada saiu do plano das ideias.

“A gente já fez alguns enterramentos, hoje temos algumas vias em processo de enterramento, como Alameda Santos e varias na região central, mas é necessário um plano nessa questão.”

Lista das escolas sem luz na capital:
EMEF Euclides de Oliveira Figueiredo
CEI CEI Aloysio de Meneses Greenhalgh
EMEI Montese
CEU CEMEI Vila Alpina
EMEI Vila Ema
CEI Genoveva D’Ascoli
Emei Vila Ema
EMEF JOÃO NAOKI SUMITA
CEI Jardim Adutora
EMEI Pestalozzi
EMEF Plinio de Queiroz
CEI Vila Flavia

Região Metropolitana
Em São Caetano do Sul, 18 escolas não abriram nesta segunda por conta da falta de luz. Já em Taboão da Serra, o problema atinge dez escolas.

De acordo com a Enel, a energia foi reestabelecida para mais de 76% dos clientes que tiveram o fornecimento impactado após o vendaval da última sexta-feira.

Até o momento, cerca de 1,6 milhão de clientes tiveram o serviço normalizado, de um total de cerca 2,1 milhões afetados na última sexta-feira.

O vendaval que atingiu a área de concessão foi o mais forte dos últimos anos e provocou danos severos na rede de distribuição.

Técnicos da companhia seguem trabalhando 24 horas por dia para agilizar os atendimentos e restabelecer o serviço para a grande maioria dos clientes até a próxima terça-feira (7).

Ainda segundo a empresa, devido à complexidade do trabalho para reconstrução da rede atingida por queda de árvores de grande porte e galhos, a recuperação ocorre de forma gradual.

 

Polícia identifica carreteiro suspeito de esfaquear secretário após briga de trânsito na Bahia

Caso aconteceu na BR-030, em Guanambi. Gestor segue hospitalizado neste sábado (14), mas não corre risco de morrer.

A Polícia Civil da Bahia informou, neste sábado (14), que o carreteiro suspeito de esfaquear um secretário da prefeitura de Guanambi, no sudoeste do estado, foi identificado. A polícia detalhou que o motorista, que supostamente cometeu a agressão durante uma briga de trânsito, não foi localizado.

O nome do suspeito, de 53 anos, não foi divulgado para não comprometer o andamento das investigações. A carreta que pertence a ele foi encontrada em um posto de combustível na cidade de Caetité, na mesma região.

O secretário de Cultura, Esporte e Lazer de Guanambi, Victor Oliveira Boa Sorte, segue hospitalizado, sem previsão de alta, mas não corre risco de morrer. Ele foi esfaqueado na noite de quinta-feira (12), na BR-030, no trecho urbano do município.

O gestor disse que foi ferido durante uma discussão no trânsito . Victor Oliveira Boa Sorte contou à polícia que estava dentro do carro dele, acompanhado dos dois filhos, quando foi fechado por uma carreta, por volta das 21h30.

Segundo o secretário, ele parou o veículo para que o carreteiro seguisse viagem, mas o condutor desceu da cabine e foi iniciada uma discussão. Durante a confusão, Victor foi atingido com duas facadas: uma no tórax, que pegou de raspão, e outra no braço, que foi profunda.

O gestor relatou que conseguiu dirigir até o Hospital Geral de Guanambi, onde foi atendido. Durante a madrugada de sexta (13), ele passou por uma cirurgia e passa bem, está lúcido.

 

Presos em operação da PF em Campos prestam depoimento

Acusados de envolvimento em fraudes teriam provocado rombo de R$ 240 milhões.
Operação também provovou o afastamento do prefeito da cidade, Alexandre Mocaiber.

Os 14 presos na Operação Telhado de Vidro, deflagrada nesta terça-feira (11) em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, prestaram depoimento na Superintendência Regional da Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio.

Depois eles serão levados ao sistema de custódia da Justiça, que decidirá para onde irá encaminhá-los.

Eles são acusados de superfaturamento de obras, fraudes em licitações e formação de quarilha. Segundo a PF, essas fraudes teriam provocado um rombo de R$ 240 milhões nos cofres públicos e teriam envolvido quase 20 mil trabalhadores terceirizados, que, sem saber, tiveram contratos de trabalho superfaturados.

Prefeito afastado
A operação também provocou o afastamento do prefeito da cidade, Alexandre Mocaiber, que deve ficar por pelo menos 180 dias sem exercer suas funções. O secretário de comunicação de Campos informou que os advogados do prefeito vão recorrer da decisão judicial.

Entre os 14 presos estão o secretário de Obras, José Luis Púglia, o procurador-geral do município, Alex Pereira, o ex-gerente de Desenvolvimento do município, Edílson Quintanilha, e o empresário Ricardo Pimentel, que seria o coordenador do esquema de fraudes.

Treze deles tiveram mandados de prisão temporária expedidos pela 1ª Vara de Campos, que prevê reclusão por período de cinco dias. As informações são da assessoria da PF, que explica que, passado esse prazo, o mandato de prisão poderá ser renovado por decisão judicial.

O décimo quarto preso, o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros de Campos, Eduardo Ribeiro Neto, não tinha mandato de prisão expedido em seu nome, mas foi preso em flagrante por porte ilegal de armas e terá caso avaliado pela justiça nos próximos dias.

Dois foragidos
Ao todo, a operação cumpriu 13 dos 15 mandados de prisão expedidos pela Justiça. Duas pessoas estão foragidas. Todos os trinta mandatos de busca e apreensão foram executados. Os policiais vasculharam a casa do prefeito, onde apreenderam três computadores e vasta documentação.

A operação contou com 150 agentes da PF e investiga fraudes em licitações públicas para a contratação de servidores terceirizados e para a promoção de shows contratados pela prefeitura de Campos.

Instituições filantrópicas envolvidas
Dois presidentes de fundações que supostamente atuavam em cumplicidade com os suspeitos estão entre os presos – os dirigentes da Fundação José Pelúcio e o da Cruz Vermelha em Nova Iguaçu. De acordo com o superintendente da PF no Rio, Valdinho Jacinto Caetano, as duas organizações, de caráter filantrópico, eram usadas para a contratação superfaturada de pessoal.

“Ao invés de haver uma licitação para uma empresa participar do certame e fazer a contratação de servidores terceirizados para a prefeitura, fazia-se o desvio disso pra uma dessas instituições e fazia-se a contratação com isenção de tributos. Ainda assim, o montante pago era superfaturado. O prefeito certamente está na investigação. Certamente saberia do esquema. Em razão do foro privilegiado, ele sobe ao tribunal, que decidirá o que fazer”, explica o superintendente.

Além disso, a fraude também envolveria cinco empresas que promoveram shows contratados a preços superfaturados pela prefeitura.

Carros de luxo, avião e R$ 100 mil apreendidos
Segundo informou a assessoria de imprensa da PF, na operação, foram apreendidos sete veículos de luxo, R$ 100 mil em dinheiro e um avião. A ação foi resultado de um processo judicial que apurou irregularidades na contratação para realização de obras emergenciais no município. As investigações duraram mais de oito meses.